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Tempos de Lembrar...

30 de jun. de 2012.

É raro andar pelos montes e se seguir forte, nada além do tempo...
Talvez sejamos donos de um mesmo pensamento, mas não do mesmo mundo.
Quem dera viver de sangue, aproveitando as nuances da Noite.
Quem dera o Mundo fosse bom para descansar, enfim.

Talvez um dia eu satisfaça a minha curiosidade e me dê o respeito de mortal.
Extinguindo da vida aquele que só pensava na morte...
Quem dera, viver de desprezos e não ver de sangue o meu leito.
Não perdem por esperar, o espetáculo traz cenas que nunca é bom pensar.

Mas o meu leito em volta terá pessoas que carregarei em minh´alma e no meu coração.
Com todo o lirismo ora platônico, ora de horror, sou eu que penso e que nunca mudou.
Penso nas brumas em ávida decolagem desaparecer do meu sepulcro.
Como se fosse ritualístico o ser que comanda o enterro fúnebre.
Minha morte não será a salvação do mundo e muito menos fará alguma mudança.

Talvez eu reze para os Deuses e peça a minha proteção diária, mesmo sabendo do meu destino.
Um dia quem sabe temer será o mesmo que saber; e pelo que sei, prefiro morrer.
Um dia a lua ficará coberta de sangue sobre a minha vista; descansando, que fim?
O meu mundo mórbido trará lembranças de quem comigo compartilhava as suas lembranças.

Seja para o bem ou para o mal, irá falar de uma pessoa que existiu, e isso pode ser um ponto final.
Com mais fracassos do que êxitos dirão do árduo viver que culmina em minha solidão.
Não tem motivos de chorar, pois irei me livrar da vida que tanto me fez chorar.

E por ser livre poderei talvez entender o motivo de ainda seguir o meu caminho,
Como se o esplendor não dissesse mais do que aparenta: cinza e leal. Sempre seguindo o seu caminho.
E nunca me esquecerei das palavras que ainda ecoa no meu ser de um tempo que era lindo viver.
Mas nada tem para sonhar, pois é triste do seu leito me espelhar.


 ~ Etre seul c'est s'entraîner à la mort ~  Céline



~xx~
Agradeço a todos que vieram por aqui me dar apoio.
Nunca fui de receber elogios e talvez nem mereça-os, mas me gratifica muito tê-los por aqui.
Esse post também é especial para a Bruna e a Liud que fizeram aniveársário recentemente.
Adoro todos vocês!
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Cúmplices da dor

27 de mar. de 2012.
Muitas vezes que enxergo a ti ao longe, fico admirado.
Como se não existisse, nem em sonhos e nem fantasias.
Julgo-te por ser tão perfeita vagando por um vasto jardim ludibriado.
Carregando flores negras para a tumba de um Amado.

Aproximo cauteloso e mostrando uma timidez inerente ao que sou.
Pergunto se és mesmo a Dama que povoou os meus sonhos.
Rapidamente se pôs a negar dizendo que não era ninguém além dos gritos que ecoou.
Com a dúvida remota fiquei pasmo, será que enxergara o que carrego em dor?

Não entendia a sua beleza, pálida e singela, mórbida e feliz.
Como o contraste lhe caia tão bem, penso de maneira a rir.
Ela ouviu e ao ficar rogada me mostrou sua cicatriz em forma de diretriz.
Olhei até que ponto admirado com o suspeitar de dizer o quanto ela se pôs a cair.

Com o respeitar de minhas dores, toquei em sua ferida.
Sobrealta a pele e mostrando o caminho do pesar pergunto como essa ferida se formou.
Agora mais tímida e com o fardo da mágoa em sua face, responde que era uma saída.
Não querendo mais vê-la triste pego o seu punho ferido e lhe dou um beijo em louvor.

Com os olhos marejados deu-me mais uma vez o privilégio de seu sorriso.
Tiro os seus cabelos escuros de seu olhar e confesso de peito aberto:
Não precisa ficar assim, Nobre Dama, pois o que vem de mim é profundo como um abismo;
E como o céu, enxergo também as profundezas, dizendo de toda a certeza, como é belo o meu Amor.

~~**~~
 
"Amar ou ter amado é o bastante. Depois, não exijam mais nada. Além dessa não existe outra pérola escondida entre as dobras escuras da vida. Amar é completar-se."
 - Victor Hugo
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Distant Hope

21 de mar. de 2012.


Viver sobre a certeza do nada é o que mais me machuca.
Quando em solidão fico a pensar de seus caminhos e não me encontro por lá.
Uma lágrima hei de cair por sentir algo tão forte me consumir.
Só resta as lamúrias, confinadas naquilo que penso em ser um coração.

Não que eu queira te prender em exílio comigo, longe de mim.
Queria apenas desfrutar de seu riso, de sua presença.
Ler para ti o que escrevo de bom agrado em um parque ou mesmo cemitério.
Gostaria de te ver uma vez como sendo a minha guardiã.

Essa dor encravada em mim, não é a sua culpa.
Fui eu que me deixei levar pela emoção e pelo sonho.
Sempre tive a certeza que te encontraria e que seria o seu Amado.
Leigo engano, o sofrimento que é Amar e não ter a ti é insuportável.

Mas hei de Te Amar, independente de onde estiver... Amour.

~~**~~

"O mundo é um lugar solitário - você está sozinho
Acho que vou pra casa - sentar e lamentar
Chorar e pensar, é tudo que eu faço
Recordações que eu tenho me fazem lembrar de você"
                                                    -Black Sabbath

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Sui Caedere

16 de mar. de 2012.

Hoje eu posso dizer que sou livre, pois senti na pele o que aflige a alma.
Muitos pensamentos já povoaram a minha cabeça sobre o tudo que me cerca.
Mas a melhor alternativa foi optar pelo tradicional, clássico e eficiente método de cura.
Sentindo-me realizado em ver o líquido rubro percorrer pelas minhas mãos e corpo.
Um delírio difícil de explicar, mas de qualquer forma vou tentar.

Preparando-me para a morbidez de causa, cerquei-me de certezas sobre o ato.
Talvez não exista nada pior do que o arrependimento após a liturgia egocêntrica.
Escrevi em palavras parte daquilo que me é caro dos motivos e também do fardo.
Não tem como exprimir em palavras dor tão devastadora, seria muito dramático...
Optei por uma linha racional, medindo meus esforços e minhas frustrações e voilá!
 
“Mas a minha tortura inda é maior:
Não ser poeta assim como tu és
Para gritar num verso a minha Dor!...”
                           -Florbela Espanca
 
"A ideia do suicídio é um potente meio de conforto: com ela superamos muitas noites más."
- Friedrich Nietzsche

Em um banheiro com os azulejos brancos e a banheira combinando, adentrei-me nú e sem juízo.
Lavei o meu dorso como um animal que esta prestes para ir ao abate só que consciente.
O despertar da fúnebre noite não poderia ser mais perfeita com uma música de fundo.
Agora sim, penso inconsciente, enquanto ouço o som do violino moribundo. Clássico!
As ferramentas enroladas sobre a toalha evidencia o meu destino; O traço do fim.

Com o corpo sentado na banheira cheia, ouvindo o som da sinfonia e da água a vibrar.
Vejo o meu reflexo por um estilete com um punhado preto e com detalhes em pratas.
Nada mais justo do que deixar a vida mundana com tamanha preciosidade, penso eu.
Fiquei refletindo como é fortes o poder de tal arma branca e o quanto de útil seria.
Aqui estou eu, invejando os que já morreram por fardo ou não. Finalmente...

“Sou eu! que não esqueci
A noite que não dormi,
Que não foi uma ilusão!
Sou eu que sinto morrer
A esperança de viver...
Que o sinto no coração!”
       -Álvares de Azevedo


A música, prevendo o ato do fim, entrou em um estado piano, onde a suavidade reina.
Deu para ouvir até o solfejo de um pássaro, como era bela a cena que enxergava.
De olhos fechados e com a lâmina afiada rente ao meu pulso,preparava-me para o momento.
Conseguia enxergar rios límpidos, aves formidáveis e até a minha musa a qual sempre será.
Com esse paraíso na minha mente, a música foi entrando em seu ápice, chegou o momento..

Ouvindo o acorde denso quebrar o sereno sinfônico à vontade me preencheu com força.
Forcei a lâmina na minha pele como primeiro passo e finalmente a rasguei!
As camadas de pele do meu punho agora estavam dilaceradas antes mesmo da lâmina percorrer a sua rota.
Os esguichos de sangue banhavam-me o corpo e o banheiro pálido agora tinha sangue vivo.


“Já não havia amor!... O mundo inteiro
Era um só pensamento, e o pensamento
Era a morte sem glória e sem detença!
O estertor da fome apascentava-se
Nas entranhas... Ossada ou carne pútrida
Ressupino, insepulto era o cadáver.”
                                 -Lord Byron


A dor mesmo até que demorou a aparecer, sentia-me estranho com as mãos de sangue.
Parecia até que isso tudo foi uma mentira, até que a senti finalmente... Uma dor enorme!
Vindo do meu braço e atingia tudo o que ali pertencia; até mesmo meu peito doeu, dizendo.
A água que fui imerso rapidamente se tornou vermelha também, mostrando a todos o meu destino.
A dor parecia infinita e eu pensando apenas até onde tudo isso iria durar...

Parece que dei sorte e não sofri tanto quanto imaginava, morri minutos após o corte final.
Li relatos de que a pessoa ficara agonizando até por horas, eu não queria isso.
Bastava viver todos esses anos em agonia, na morte não. Pensei em jugular ou na perna.
Mas não seria condizente com o que sinto, pois apesar de mórbido, até sorri.
Imaginando que o caixão não era tão terrível quanto viver por ali.

“Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.”
                 -Augusto dos Anjos
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Sonho na solidão

10 de mar. de 2012.



“My sorrow; I could not awaken
My heart to joy at the same tone;
And all I lov'd, I loved alone.”
-Edgar Allan Poe


Quando as certezas se mostram voláteis, o transtorno roga contra o meu peito.
Dor transformada em tragédia, requerido de meu ser as loucuras de essência.
Pérfido e pálido, me recolho à escura caverna na qual habita a solidão.
Amiga e fiel, nunca esta indisposta ou mesmo em paredes gélidas trata-me mal.
O refúgio de minha inocência, agora transformada em apenas na minha razão.

Transtornos psicossomáticos, oriundos – ou não – de uma mistura louca do que sou.
Misturam minhas idéias e a transformam em apenas um colírio para o querubim.
Meu senso romântico agora é mais forte, pois o que sinto é sentimento do pseudo poeta.
Pegando para si os maldizeres do mundo e identificando-os como sendo seus.
Sim, eu faço parte da tragédia que é o mundo... Pobres mortais!

Não sabem viver sobre a escassa luz que nos rodeia e julgam pra si que são melhores.
Arrogantes por excelência é uma vez mais a escória do que restaram, profetas do caos.
Só eles sabem a quantas andas esse imaginário doentio visto de aparências mesquinhas.
Não aderem à moda por responsabilidade, somente por status e sonhos.
Coitados, não sabem de nada... Nem respeitam o desconhecido e nem ao menos se ausentam.

Só há uma solução: destruir a humanidade. Quem sabe assim o mundo tenha chances.
Difícil é ponderar a perspicácia, da angústia e do saber íntimo de outrora e ser louco...
Em acreditar que tudo isso tem cura e que sou apenas um moribundo ressentido.
Quem dera, somente assim viria nascer flores em meu túmulo. Quem dera...
Viver no escárnio do contemporâneo enquanto meu mundo romântico se esvai.

O meu peito roga contra essas certezas voláteis!
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